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Quase matei um boçal, foi por pouco

Que mundo maluco estamos vivendo? A vida não vale mais nada para alguns. Será que a pressa vale uma vida? Os meios de transporte viraram armas mortais? Mais perigosas que as armas de fogo tão combatidas?

Terça-feira, quando estava saindo do trabalho, às 20h, ia tranquilamente pela Rua Serafim Valandro, quando cheguei na esquina da Presidente Vargas. Dirigia pela direita e sinalizava que iria dobrar à direita quando ouvi uma buzina de moto frenética a minha direita. Olhei o retrovisor e não vi nada. Por segurança e precaução, preferi ir em frente. Era o ponto cego do retrovisor. Se eu tivesse dobrado à direta, teria derrubado o motoqueiro que vinha a mil, ultrapassando pela direita, ele teria se quebrado ou até morrido. Ultrapassou-me pela direta. Não agradeceu, ficou brabo, me xingou, saiu perguntando se eu tinha comprado a carteira de motorista.

Num rápido relance quase respondi que ele é que não deveria ter carteira, ninguém pode ultrapassar pela direita em hipótese alguma. Mas se faço isso, ele iria parar e querer brigar. E aí poderia acontecer outra nova tragédia, não valia a pena. Ele poderia me bater ou eu poderia bater nele, e nas duas hipóteses eu ficaria arrependido. Ele pelo desequilíbrio, não sei. Eu gosto de discutir, de brigar no campo das ideias, mas fisicamente não. Será que as avaliações psicológicas conseguem detectar estes desvios? Quem sabe, para quem trabalha no estresse do trânsito, não deveríamos ter avaliações em menor espaço de tempo, sem custo adicional para estes profissionais? Ou até ajuda profissional de terapeutas ocupacionais para minimizar os traumas diários.

Algo precisa ser feito ou cada vez mais teremos tragédias no trânsito. Em 30 dias eu tive dois incidentes constrangedores. E no meu círculo de amizades, vários relatos de incidentes também aconteceram.

As pessoas estão correndo muito para chegar ao mesmo lugar, numa variação de tempo tão menor que não muda nada, ou melhor, não gera nenhuma vantagem competitiva. Ou seja, estão usando a força física na era do raciocínio. É preciso pensar antes de agir.

O ser humano precisa reaprender a viver em sociedade, respeitar os outros seres e se reumanizar. Vale refletir. Quem sabe os boçais possam acordar.

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